Voltar

Rodrigo de Castro

Abertura
05 de setembro de 2006

Horário
19 às 22h

Exposição
06 de setembro a 30 de setembro

Uma obra de rara sensibilidade e inteligência, de vigor e talento, interferindo na arte contemporânea de uma maneira direta ao nos conduzir para uma pintura além do nosso olhar. Fundamentado na cor, a mostra reúne vinte trabalhos em diferentes formatos, óleo sobre tela, estruturada em modernos chassis de alumínio. Numa obra que tem como referência o construtivismo, Rodrigo de Castro explora planos para compor com ousadia, surpreendentes variações de matizes e tons. Sem timidez ou economia suas cores, repleta de vigor e luminosidade, percorrem toda a superfície de uma maneira rara e escassa nos dias de hoje.

Rodrigo de Castro nasceu em Belo Horizonte, em 1955, mas vive e trabalha em São Paulo. Sua obra está registrada na publicação “Brazilianartiv, Livro da arte Brasileira”, JC Editora, 2004. Entre suas premiações temos o Prêmio Aquisição no 13º Salão de Arte de Ribeirão Preto, 1988, e no ano seguinte o Prêmio Aquisição no 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE, Rio de Janeiro.

A partir de 1989 inicia suas mostras individuais na Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte e no Centro Cultural São Paulo, como artista convidado. Segue em 1994, no Programa Anual de Exposições, Centro Cultural São Paulo, como artista convidado, e na Galeria Manoel Macedo, Belo Horizonte. Em 2004 expõe na Marilia Razuk Galeria de Arte, São Paulo.

Em exposições coletivas participou: 1988, do 38º Salão de Arte Contemporânea de Juiz de Fora e do 13º Salão de Arte de Ribeirão Preto; 1989, Galeria Gesto Gráfico, Belo Horizonte – 10 Artistas – Rua Fortunato, São Paulo – 7º Salão Paulista de Arte Contemporânea, São Paulo – 9º Bienal Internacional de Arte, Valparaíso, Chile – 11º Salão Nacional de Artes Plásticas, FUNARTE, Rio de Janeiro – Arte Contemporânea São Paulo / Perspectivas Recentes, Centro Cultural São Paulo; 1990, Projeto Cerâmica Nova Terra / Fernandez Mera, São Paulo; 1992, 13 Artistas Paulistas, MAM – Museu de Arte Moderna, Rio de Janeiro; 2001, Atelier Amilcar de Castro, Belo Horizonte, Minas Gerais – Galeria de Arte Manoel Macedo, Belo Horizonte, com Célia Euvaldo e Elisabeth Jobim; 2002, Marília Razuk Galeria de Arte, São Paulo com Amílcar de Castro, Isaura Pena, José Bento, Renato Madureira e Roberto Bethônico – Marília Razuk 10 Anos, Marília Razuk Galeria de Arte, São Paulo; 2003, Galeria de Arte Celma Albuquerque, Belo Horizonte, com Fábio Miguez e Sérgio Sister; 2005, Encontro Internacional do BID – Centro de Convenções de Belo Horizonte, Minas Gerais.

 

Com o título Rodrigo de Castro, a construção pela cor, o crítico Márcio Sampaio escreveu para o catálogo da mostra o seguinte texto: Sob a aparência de ordem e rigor, a pintura de Rodrigo de Castro abriga uma outra medida, que não se opõe, mas completa e amplia o sentido da operação construtiva. No espaço dessa pintura que se estabelece através da cor, a razão está sempre imantada por uma particular sensibilidade, uma força silenciosa que permite com que a intuição deslimite o rigor das medidas, ilumine poeticamente a superfície, estabelecendo no encontro dos elementos essenciais do ser da pintura, aquele sentido de continuum, de desgarramento de tudo que se impõe como coisa concluída, fechada, definitiva. Ao contrário, em seu interior, pulsa uma certa fantasia que põe em suspeição o sistema do construtivismo ortodoxo. Na verdade, é essa condescendência, essa rendição à natureza do homem, e portanto, ao espírito, que a pintura de Rodrigo de Castro encontra a outra medida, que não a do esquema, da regra (da régua) rígida em suas exigências;mas essa outra medida, que é a da natureza, e responde às pulsações interiores, traduzindo os impulsos do artista que cria, e do observador que se recria na experiência do encontro com a obra.

O espaço material da pintura – a tela – por suas variadas proporções e formatos, é tomado pelo artista, como um lugar onde a expressão se fertiliza; é o ponto em que se materializam os sentidos e os sentimentos. Lugar em que, de posse dos instrumentos mediadores desses sentimentos, o artista constrói um sentido. Desse modo, Rodrigo de Castro faz sua pintura atravessar os conceitos que determinaram a evolução das tendências construtivas geradas ao longo do século XX e, munido dessa experiência vital, elabora seu particular projeto e seu próprio modo de construir na tela o sentido da pintura.

Nessa pintura, portanto, o que se acha em evidência é a possibilidade de se formular um lugar que propicie o encontro do olhar e de olhares, a consumação da experiência poética do mundo, onde tudo se organiza e se harmoniza e se concentra para em seguida se expandir, como um jogo de infinitas possibilidades prometidas pela obra e cumpridas no próprio exercício de imersão praticado pelo espectador.

É como se, dentro das formas escolhidas pelo pintor, – e na pintura de Rodrigo de Castro elas são o quadrado, o retângulo, presentificados como entidades, e estreitas faixas que os separam ou conectam, produzindo a pulsação cromática – houvesse uma outra medida que as completasse. Sem moldura, a pintura conquista também o espaço lateral, criando-lhe, com isso, uma terceira dimensão, que faz com que o olhar seja surpreendido com essa nova forma/cor desvendada quando o espectador se locomove diante da obra. Essa tridimensionalidade da tela conduz à consciência da obra como objeto (real), anulando qualquer possibilidade de sua compreensão como “janela virtual do mundo”.

A cor que consolida a existência de cada forma geométrica gerada, constitui a substância fertilizante da pintura. Ao contrário de Mondrian, ou de outros construtivos que limitam o seu repertório cromático, Rodrigo de Castro o amplia, permitindo-se jogar com a forma, com as assimetrias, fora de esquemas matemáticos. Com a cor se permite brincar, exercitar a liberdade de imaginação, tocar a fantasia, criando tonalidades inesperadas. É também com essa liberdade de jogo, com esse refinado bom humor que atravessa sua pintura, que Rodrigo de Castros se defende da sisudez, para alcançar um estado de alegria, de aventura. É nessa alternância – nessa soma de elementos constitutivos da obra – que se consolida o espaço de sua pintura como campo em que floresce a consciência do “humano”.

Sem perder o sentido da operação construtiva, que responde a uma ordenação do raciocínio sobre o espaço e sua ocupação, Rodrigo trabalha as estruturas e as relações formas/cor praticando uma geometria intuitiva que deflagra uma pulsação humana, um ritmo de liberdade, a afirmar a possibilidade de alegria.
Justapondo razão e sensibilidade, permite que, de seu interior, se projete sem temor – e muitas vezes com irrisão para tudo o que é grave, conciso e fechado – as inquietações, os ritmos ocultos dos sentimentos, a consciência de precariedade e o esforço de realização ideal do equilíbrio, construindo os espaços feitos de iminência e imanência: de futuro e memória.

Loading...