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Ejo Orun Ori Pupa (serpente Mistica Da Cabeça Vermelha)
Déc. 80
nervura de palmeira,couro pintado,búzios e contas
41 x 59 x 41 cm
IGI NILÉ ATI EJO ORI MEJI – Árvore da Terra com serpente de duas cabeças Déc. 90
nervura de palmeira,couro,búzios e palha da costa
111 x 51 x 16 cm
Ope Iya Agba Nilé - Palma da Grande Mãe Ancestral Déc. 1980
nervura de palmeira,couro,búzios e palha da costa
112 x 38 x 20 cm
OPA EXIN EDA OHUNKOHUN (CETRO DA LANÇA E FORÇA DA NATUREZA)
Déc. 80
nervura de palmeira,couro pintado,búzios e contas
152 x 78 x 16 cm
Cidade
Salvador, Bahia
Nascimento
1917
Perfil
Escultor

A arte de Mestre Didi projeta com singular sensibilidade, intensa significação artística e minúcia técnica, a profundidade estética de um universo inspirado livremente na simbologia do sagrado de uma herança africana, recriando a tradição, com imensa inovação dentro da contemporaneidade da arte. Suas esculturas, em diversos materiais, são obras de intensa significação artística ao recriar esteticamente um universo inspirado livremente na simbologia do sagrado de uma herança africana.

Em seus trabalhos, encontro da tradição e herança africana, identificada através da ancestralidade e do sagrado, e a união com uma arte contemporânea, torna presente uma linguagem abstrato-conceitual e emocional, elaborada desde as origens pelos seus antecessores, tornando presentes os fatos passados, de restaurar e renovar a vida. Sua obra contribui para reconduzir e recriar todo o sistema cognitivo emocional do egbé, tanto em relação ao cosmos quanto à realidade humana, não só por uma recriação estética, mas também por seus significados simbólicos.

Os objetos não são apenas representações materiais, mas emblemas essenciais em que o sagrado está representado. O adepto não se inclina diante da madeira, porcelana, barro, palha ou pedras, mas diante do abstrato-sagrado, da mesma maneira em que o católico não adora a imagem material de santos e crucifixos, mas a essência mística que simbolizam.

Com a sua arte, Mestre Didi cria e recria com imensa variedade de forma e sentidos do sagrado ao ter suas características impregnadas de elementos naturais de conteúdo simbólico do universo afro-brasileiro, sendo um comentário profundo sobre a natureza do tempo, da tradição e do novo, uma arte que humaniza o mundo humanizando o homem.

Deoscoredes M. dos Santos, Mestre Didi, escritor e artista plástico, nasceu em Salvador, Bahia, em 2 de dezembro de 1917. Faleceu na sua cidade natal em 6 de outubro de 2013. Com uma obra artística de intensa significação ao recriar esteticamente um universo inspirado livremente na simbologia do sagrado de uma herança africana, as esculturas de Mestre Didi projetam com singular sensibilidade e minúcia técnica a profundidade mística, recriando a tradição com imensa inovação dentro da contemporaneidade estética da arte.

Nos seus trabalhos, há um encontro da tradição, herança africana, identificada através da ancestralidade, e a união com uma arte contemporânea, não só por uma recriação estética que a obra traz de mito, de forma e de materiais empregados, mas também por seus significados simbólicos. Como é realizado este encontro?

A sua arte cria e recria com imensa variedade de formas e sentidos um universo religioso ao ter suas características impregnadas de elementos naturais de conteúdo simbólico do universo afro-brasileiro. Como é realizada esta criação assim tão íntima ao território do sagrado, sem se tornar inserções rituais, ou com propósitos religiosos, mas exemplarmente uma arte escultórica de profunda contemporaneidade?

Já foi dito que sua arte é um comentário profundo sobre a natureza do tempo, da tradição e do novo, e que sua arte humaniza o mundo humanizando o homem. Como vê esta opinião?

Realizada via e-mail, proposta das entrevistas, Mestre Didi as reuniu num só texto, para escrever a sua resposta.

Meu mundo mítico, minha maneira de ver o mundo está profundamente incorporada à minha experiência de vida.

As obras surgem desse mundo, a partir de minha própria maneira de ver, viver e associar. Elas se inspiram em algumas das formas tradicionais, emblemas herdados dos mais antigos, que, para ter validade religiosa, devem ser devidamente consagrados.

Minhas obras são livres, multiplicam formas, cores e materiais que não têm propósitos religiosos. Evidenciam e manifestam uma particular visão cultural, uma recriada continuidade.

A minha arte me dá muita alegria e faz que eu me sinta muito feliz e realizado. Ela está ligada às coisas que mais gosto na vida, os elementos da natureza. Esses elementos estão profundamente ligados e associados à nossa maneira de sentir e existir à terra, principalmente às árvores, entre as quais se destacam as palmeiras de onde extraio o material básico para os meus trabalhos, as taliscas ou nervuras de suas folhas, nossos ancestrais, que surgem da terra, nossa grande mãe. Tudo cresce e se renova. Se minha obra humaniza, é porque transporta e é capaz de emocionar, através da arte, a profunda sabedoria de um povo, Agbon – beleza e sabedoria.

(entrevista / abril de 2007)

 

 

 

 

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